Se há uma coisa de que me orgulho muito na vida é o de ter sido sempre uma leitora compulsiva (desde que aprendi a ler, claro). Valorizo-o cada vez mais hoje, quando sou confrontada com textos para editar, muitos pejados de erros, ou quando navego pelos blogues em português, também muitos deles com muitos erros. Irritam-me especialmente os "à" em vez de "há" ou vice-versa, os "gostas-te" em vez de "gostaste", os "vou dizer a ela" em vez de "vou dizer-lhe"...
E, se há coisa que aprendi nestes anos todos a ler, e especialmente, a ler coisas escritas por outros, é que quanto mais lemos bons livros melhor escrevemos - e escrever faz seguramente bem ao cérebro e até ao corpo, porque nos permite libertar pelo menos uma parte do que vamos acumulando.
Não digo que não dou erros obviamente, só digo que por ler dou muito menos.
Mas reconheço que há alturas certas para ler certos livros e alturas certas para os reler e perceber coisas que da primeira vez não tínhamos percebido.
Um ensaio muito giro no NYTimes duma senhora com pelo menos três maridos dá conta da sorte e, ao mesmo tempo, infortúnio que foi para ela ler Dostoyevski antes do tempo. Também li livros antes do tempo. Lembro-me do ar escandalizado da minha amorosa professora da primária quando lhe disse que estava a ler "As pupilas do senhor reitor", de Júlio Diniz. Na realidade, nunca tive pachorra para ler o livro, mas percebi que não tinha idade para o fazer. Seguramente: "A torre da Barbela" não foi um mau timing, foi só um mau livro.
Que livros é que leram antes do tempo ou depois do tempo?
2 comentários:
Assim de repente não me lembro. Mas de certeza que há!
Em relação aos erros, agora com o acordo ortográfico, já não sei o que é erro ou não!
Com o acordo ortográfico eu só devo dar erros. Mas estou-me completamente nas tintas. Gosto de escrever à antiga.
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