A tristeza é um lugar e pode sair-se de lá. Isto é o que a Liz explica ao putativo candidato a uma ligação, o italiano Giovanni (página 87). Acredito nisso também, não nas ligações putativas, mas sim na possibilidade de se sair da tristeza.
É muito difícil, exige um esforço intenso, mas é possível.
Faz-me confusão quando ouço pessoas a partilhar onde calha - no cabeleireiro, na rua, no café - estarem deprimidas. Penso que a depressão não se propagandeia, combate-se. E anunciar que se está deprimido cola-nos um sticker para sempre. Apaga a nossa força de vontade. Entre as várias coisas que todos somos - filha, mãe, mulher, amiga, companheira, etc. - passamos a ser também deprimida. Que mau labeú.
Por outro lado, penso que os comprimidos suprimem as emoções, mas não as curam. Por vezes, são necessários, quando a tristeza é tão profunda que não nos deixa ver mais nada, mas são perigosos, porque apagam quimicamente uma parte importante da nossa personalidade. Se surge por qualquer motivo, a tristeza passa a fazer parte de nós. Portanto, não é suprimindo temporariamente as emoções que as resolvemos. É com calma, com pesquisa interior, falando com os outros (às vezes os estranhos ainda são mais fáceis), tentando esforçadamente acalmar os demónios interiores.
"Finalmente percebi que posso ir aonde eu quiser" (pág. 115). Esta é a realização da liberdade. Que privilegiados somos hoje, podendo decidir quase livremente da nossa vida.
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